*Por Ruy Sposati do Site da CIMI
A
Terra Indígena - chamada Tekoha, ou território sagrado, pelos guarani
kaiowá- em questão já foi homologada pelo governo federal, apesar da
desintrusão denão-indígenas da área ainda não ter sido realizada. Este é
segundo ataque emmenos de duas semanas no mesmo local, e o quarto desde
a retomada, realizada nodia 16 de agosto. Em um dos conflitos, um
acidente provocado pelospistoleiros levou um bebê de menos de um ano à
morte. Outro guarani kaiowápermanece desaparecido.
Pela
manhã, ao menos 30 homens armados fizeram um cerco ao acampamento
dosindígenas. "Desde a semana passada, os pistoleiros estão armando
umacampamento com telhado de ethernite ao redor da gente", explica
Dionísio Guarani."Eles tem tudo calibre 12, 38, pistola, bala na
cintura. Hoje de manhã,eles se aproximaram e atiraram pra cima",
relatou.
A
situação se acirrou durante a tarde, quando a comunidade foi invadida
pordezenas de homens armados. "Chegaram atirando pra cima. Vindo pra
cima.Destruíram dois barracos e levaram tudo. Pra queimar em algum
lugar. Nósgritamos muito". Duas famílias estão desabrigadas, mas,
segundo Dionísio, novasmoradias já estão sendo construídas para
acolhê-las.
Denúncia
Os
indígenas já denunciaram a situação para o Ministério Público Federal
(MPF) - que já havia pedido instauração deinquérito policial para apurar
a morte e o desaparecimento - e aFunai. "Eles estão todos armados, e
nós não.O cara da fazenda tá juntando gente [pistoleiro] aqui.
Paraguaio, brasileiro.Estamos esperando alguma notícia [dos órgãos
públicos]".
Segundo Dionísio, Funai,Força Nacional e Polícia Federal
ainda não estiveram no local hoje.
"Os
ataques sistemáticos dos pistoleiros revelam a audácia dos
latifundiáriose demonstram o seu evidente menosprezo às normas legais e
ao próprioEstado brasileiro. Naquela região, eles criam, julgam e
executam as própriasleis", aponta o secretário executivo do Conselho
Indigenista Missionário (Cimi), Cléber Buzatto. "Mais ainda, todo
oconflito demonstra a inoperância do governo federal para reverter essas
crises- e também uma aparente falta de vontade política em solucionar
oproblema". Para o indigenista, há ali uma situação de trincheira,"uma
guerra de um lado só, dos fazendeiros armados, com um poder público
ausente",conclui.
Potrero guaçu
A
área em processo de demarcação, retomada pelos guarani em agosto,
sofreu maisum ataque. Dois pistoleiros paraguaios à cavalo abordaram
indígenas, disparandopistolas e ameaçando de morte quem atravessasse a
porteira da fazenda.
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